Minha trajetória
Pratico exercício físico desde os 16 anos em academias e, durante passagem no ensino médio como estudante de intercâmbio internacional nos EUA, tive a oportunidade de experimentar o esporte na sua mais bela concepção, de direito e valorização a prática. Foi um ano como jogadora de vôlei do time da escola participando de treinos intensivos e campeonatos.
Ao retornar ao Brasil havia uma certeza no que concernia a escolha profissional: queria ajudar pessoas e também gostava de esportes. Surpreendentemente na graduação, um aluno chamado Raphael Zaremba, que também era técnico de basquete me apresentou ao mundo do esporte atrelado à Psicologia, emergia uma nova área para mim, a Psicologia do Esporte. Como no Rio de Janeiro, onde moro, não tinha referência de trabalhos e atuações na área, resolvi pesquisar e cheguei até os autores de livros na área que atuavam no Rio Grande do Sul: Benno Becker e Dietmar Samulski. Resolvi me inscrever em cursos deles, introdutórios, para um conhecimento básico na área e me apaixonei. Retornei ao Rio com a certeza de que aquela era a área que eu gostaria de seguir. Faltando 1 ano para terminar a graduação, em 1999, fui informada de um processo seletivo no Clube de Regatas do Flamengo em psicologia esportiva para o futebol de campo. Fiz a inscrição e fui selecionada na seleção.
Comecei a estagiar na área, sob a supervisão do psicólogo Paulo Ribeiro, nas categorias de base do futebol (mirim, infantil, juvenil e juniores) acompanhando treinos e jogos. O trabalho era voltado à preparação psicológica, suporte familiar e troca com os membros da comissão técnica. Encerrando o estágio, após 6 meses de formada, fui contratada. Ao longo de 12 anos de trabalho, nos últimos 8 anos fiquei responsável, como coordenadora do Serviço de Psicologia da Base. Para mim, era interesse perceber e identificar como os processos emocionais e cognitivos afetavam de sobremaneira o desempenho dos jovens atletas.
Além da experiência em campo sempre me envolvi na área acadêmica pela preocupação na sustentação e solidificação de uma metodologia que norteasse o trabalho do psicólogo. Meu interesse sempre foi aliar a teoria à prática. Com isso, sempre me envolvi e participei de congressos, seminários, cursos e eventos nos quais eu era convidada para compartilhar minhas vivências e experiências. Durante um deles, fui abordada pelo preparador físico da Seleção Brasileira de Judô que estava montando uma equipe interdisciplinar para atuar com os atletas. Participei de um processo seletivo e lá comecei a atuar em 2004 ficando até 2016 onde criei na época o Serviço de Psicologia que se tornou posteriormente Serviço de Psicologia e Neurociência.
Também ainda como psicóloga do Clube de Regatas do Flamengo fui indicada pelo fisiologista do clube na época, em 2008, para trabalhar com a seleção brasileira de nado sincronizado. Trabalhei com as atletas na equipe, no dueto e no solo realizando a preparação psicológica delas com base do modelo de THP (Treinamento de Habilidades Mentais). Além disso, minha atuação também estava voltada ao apoio às treinadoras e comissão técnica e teve seu ciclo encerrado agora nas Olimpíadas do Rio 2016.
No ano de 2010 ausentei-me e diminui minhas atividades profissionais em função de uma gravidez e no judô indiquei para o meu lugar o psicólogo Erick Conde, que havia sido meu estagiário no Clube de Regatas do Flamengo. Ele trabalhou com uma ênfase muito grande na Neurociência e eu, ao retornar da licença maternidade, fui apresentada a essa área e me identifiquei bastante, principalmente com os recursos tecnológicos do neurofeedback e do biofeedback. Costumo dizer que sou uma Adriana antes e outra depois do biofeedback. A possibilidade de monitoramento dos estados emocionais através de sinais fisiológicos promoveu uma possibilidade concreta de objetivação do trabalho. Unir os preceitos da abordagem na qual fui formada, a TCC, com as possibilidades que o software me oferece alavancou em muito o trabalho da Psicologia com os atletas da Seleção Brasileira de Judô e com o Nado Sincronizado.
Em 2011 também fui incorporada ao corpo docente da Universidade Veiga de Almeida, após a saída da professora Teresa Fragelli, e lá, além de ministrar a disciplina de Psicologia e Esporte obrigatória na grade da Psicologia, também supervisiono uma equipe de estagiários, no SPA, que atuam nos mais diversos campos, desde o esporte de alto rendimento, amador e de reabilitação. Para mim, o ápice profissional aconteceu quando tive a oportunidade de participar dos Jogos Olímpicos do Rio2016. Mesmo já tendo participado em Atenas 2004 e Londres 2012, ter o maior evento esportivo sediado na terra natal foi incomparavelmente mais desafiador e mais excitante.
Em 2017 iniciei meu doutorado na PUC-RJ com o temática do clima motivacional no esporte sob a orientação do PhD Landeira e co-orientação dos professores PhD Alberto Filgueiras (UERJ) e Richard Keegan (University of Canberra). Para me dedicar ao desenvolvimento do projeto entrei de licença na UVA mas continuo atendendo atletas amadores e profissionais, adolescentes e adultos em consultório e supervisionando trabalhos na área em esportes como futebol, jiu-jitsu e MMA e handball de praia.
Em junho de 2018, durante o III Encontro de Psicólogos do Esporte do Rio de Janeiro (EPERJ), recebi uma homenagem surpresa dos colegas integrantes da ASSOPERJ (Associação de Psicólogos do Esporte do Rio de Janeiro), pela dedicação e empenho na luta pelo reconhecimento do nosso estado no cenário brasileiro e internacional na área da Psicologia do Esporte. Foi um momento muito emocionante e gratificante por ter feito parte de um sonho que se tornou realidade.